Acho que não existe coisa mais cotidiana do que a locomoção! Pois é, pelo menos pra mim, e antes a minha locomoção principal era nada mais do que o ônibus. Sim um cubículo lotado, onde nos dias de verão eu cozia. Como se tudo isso não me bastasse, tinha na maioria das vezes a infelicidade de ou ceder um lugar a pobre velhinha, ou, realmente me segurar ou melhore dizendo, me pendurar em um imundo cano!
Teve certa vez, que entrei no ônibus, ultra cansada, pra variar, lugares lotados, odores terríveis, calor infernal. Tive que então me segurar em um cano, ao lado de um colega dormindo, e babando. Aquilo foi trágico. Pois bem, o motorista com todo seu carinho e amor ao volante e ao freio, deu AQUELA curva e AQUELA freada, assim, do nada. Tudo bem, estaria tudo bem, se de repente, não surgisse uma cabeça nos meus braços, é, o sujeito dormindo veio para no meu colo, e ainda por cima, não acordou. Acho que atitude mais passiva que a minha não haveria, simplesmente joguei a cabeça de volta ao lugar, sem pena nem piedade, é, joguei mesmo, literalmente. Ai sim, o desajeitado veio a acordar e disse nada mais que: Oh, desculpa. Preferi ficar calada. Ok, já tinha tido a má sorte do dia, pensei que tudo iria estar bem, mas não, não terminara...
Alguns minutos depois, o cara já estava no sétimo sono novamente, sem problemas. E eu ali do seu lado, não via a hora de descer daquilo e chegar na minha casa, e não ter que dar uma de babá de marmanjo. E então, o querido e delicado motorista fez o favor de dar AQUELA freada, novamente, e dessa vez além de quase voar pendurada pelo cano, não caiu somente a cabeça do colega no meu colo e sim a cabeça e o tronco. Segurei a ‘’criança’’ com toda a força que tinha e até com a que não tinha e depois de me recompor arremessei-o na sua poltrona, o melhor de tudo é que todo o povão do ônibus ria da minha cara, todo o povo do ônibus, eu não tinha e nem sabia onde enfiar minha cara, ainda bem que meu ponto era o próximo.
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